Análise: jovens do Fluminense impressionam, mas Marcão poderia ter se arriscado mais

O desempenho do Fluminense no empate em 0 a 0 com o Sampaio Corrêa, neste domingo, reflete a natureza de um time repleto de garotos que voltou das férias em 2 de janeiro e fez seu primeiro jogo dez dias depois. Dentro deste cenário, a equipe deixou a impressão de que podia fazer mais para sair com a vitória e, ao mesmo tempo, apresentou alguns nomes promissores que poderão ser úteis para o técnico Mano Menezes ao longo da temporada, como Wallace Davi e Riquelme.

Apesar do empate insosso que perdurou até o momento em que Wallace e Riquelme foram substituídos, no fim do segundo tempo, os aplausos dos torcedores para os garotos fizeram justiça ao desempenho em campo. Ambos fazem parte da “Esquadrilha 07”, geração de atletas nascidos em 2007, da qual se espera a nova leva de grandes jogadores formados pelo clube.

Riquelme começou a partida um pouco ansioso, forçando jogadas individuais no lado esquerdo que não vingaram contra a forte marcação do Sampaio. Aos poucos, ele foi entendendo a dinâmica do jogo e evoluiu. Ainda no primeiro tempo, aplicou um chapéu impressionante, em que a bola parecia aparar os cabelos de Pernão, que ficou sem conseguir reagir.

Na segunda etapa, saíram de seus pés as melhores chances de gol do Fluminense. Em um jogo árido de oportunidades claras, Riquelme fez chover. Faltou um pouco mais de precisão aos companheiros para marcar. A capacidade de vencer os duelos 1 x 1 e a eficiência nos lançamentos indicam que o jogador poderá ser uma boa solução nos momentos em que o time tiver Árias à disposição.

Sobretudo no primeiro tempo, quando o Fluminense apresentava dificuldade em criar, foi dos pés de Wallace Davi que surgiram alguns lampejos de criatividade. Não era só a camisa para dentro do calção o que dava a ele ares de jogador clássico, mas a capacidade de distribuir bons passes, alternar a direção do jogo e conduzir a bola com habilidade, sempre de cabeça erguida. Faltou um pouco de presença próximo da área e, no segundo tempo, apresentou algum cansaço, mas deixou boa impressão.

O jogo O Tricolor começou a partida com intensidade, tentando sufocar a defesa do Sampaio Corrêa. Paulo Baya, nos primeiros minutos com a camisa do Flu, animou os torcedores. Ele explorou a velocidade e bons dribles para criar algumas oportunidades. Mas ele, assim como o coletivo, caiu de produção pouco depois. De modo que a melhor chance da primeira etapa foi da equipe visitante, em cabeçada de Luan Gama, que obrigou Victor Eudes a fazer uma grande defesa.

As investidas do Fluminense migraram da esquerda para direita, por onde caíam Isaque e Riquelme. Sem a bola, a equipe de Saquarema congestionava a defesa e conseguia neutralizar o ataque. Faltou ao Tricolor maior organização nas jogadas ofensivas e velocidade para superar a retranca. Situações que, em parte, são naturais no início de trabalho, com jogadores que ainda precisam de entrosamento. Somavam-se às dificuldades a grama alta e irregular de Moça Bonita.

O Sampaio Corrêa tampouco conseguiu criar outras boas oportunidades. A defesa do Fluminense foi segura, principalmente com Manoel, que venceu os duelos com o veterano Elias, e o lateral Felipe Andrade, que fechou bem seu corredor. O jogo transcorreu sem muita criatividade e intensidade ofensiva, dos dois lados, até o intervalo.

Na volta do intervalo, o Fluminense retomou o controle da partida, com a liderança de Riquelme. Na primeira jogada de efeito, ele lançou para João Neto finalizar no travessão. Instantes depois, acertou uma enfiada para Isaque, que ficou livre diante do gol, mas teve o chute defendido por Zé Carlos. Logo na sequência, ele lançou para Paulo Baya cabecear e parar, novamente, no goleiro do Sampaio.

A sequência de lances de perigo deu a impressão de que o Fluminense marcaria em breve, o que não aconteceu. Aos poucos, os jogadores foram apresentando cansaço, e o time diminuiu muito o ímpeto ofensivo. Das arquibancadas surgiam os primeiros gritos descontentes, cobrando mudanças ao técnico Marcão, que persistia com a formação inicial. Enquanto isso, o Sampaio Corrêa crescia no jogo e se aproximou do gol em finalizações de Marreta e Max.

Somente aos 37 minutos, Marcão fez a primeira mudança, ao tirar Isaque para a entrada de Luan Brito. Minutos depois, Wallace e Riquelme deram lugar a Cintra e Esquerdinha. Não houve tempo suficiente para as substituições surtirem efeito.

  • Tivemos que fazer algumas escolhas e demos ênfase a uma equipe. A equipe estava jogando bem. Em outra situação eu tiraria o Riquelme um pouco mais cedo, mas, se eu tirasse o Riquelme com 60 minutos, vocês me matariam. Estávamos bem, criando chances. Em algum momento, quando eles sentiram cansaço, fomos mudando – disse Marcão, ao fim do jogo.

Apesar do receio de tirar os garotos, no momento em que o time já não demonstrava reação, o caminho para buscar a vitória passava pela necessidade de correr riscos. Nesse sentido, Marcão foi conservador.

Ainda assim, o empate e o desempenho estão dentro do contexto de início de temporada – Flamengo e Botafogo perderam, e o Vasco empatou. Na próxima quarta-feira, os jogadores terão uma nova chance de mostrar suas credenciais, diante do Volta Redonda, no Raulino de Oliveira.

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